Filósofo do Sertão
Este blog é para os apaixonados, pela filosofia, Literatura, arte, cinema, música e todas formas de conhecimento.
terça-feira, 14 de agosto de 2012
SOMBRA
(Edgar Allan Poe)
sexta-feira, 27 de abril de 2012
Deep Web – The dark side of web (O lado obscuro da web)
quinta-feira, 11 de agosto de 2011
Canto Para A Minha Morte
Eu sei que determinada rua que eu já passei
Não tornará a ouvir o som dos meus passos.
Tem uma revista que eu guardo há muitos anos
E que nunca mais eu vou abrir.
Cada vez que eu me despeço de uma pessoa
Pode ser que essa pessoa esteja me vendo pela última vez
A morte, surda, caminha ao meu lado
E eu não sei em que esquina ela vai me beijar
Com que rosto ela virá?
Será que ela vai deixar eu acabar o que eu tenho que fazer?
Ou será que ela vai me pegar no meio do copo de uísque?
Na música que eu deixei para compor amanhã?
Será que ela vai esperar eu apagar o cigarro no cinzeiro?
Virá antes de eu encontrar a mulher, a mulher que me foi destinada,
E que está em algum lugar me esperando
Embora eu ainda não a conheça?
Vou te encontrar vestida de cetim,
Pois em qualquer lugar esperas só por mim
E no teu beijo provar o gosto estranho
Que eu quero e não desejo,mas tenho que encontrar
Vem, mas demore a chegar.
Eu te detesto e amo morte, morte, morte
Que talvez seja o segredo desta vida
Morte, morte, morte que talvez seja o segredo desta vida
Qual será a forma da minha morte?
Uma das tantas coisas que eu não escolhi na vida.
Existem tantas... Um acidente de carro.
O coração que se recusa abater no próximo minuto,
A anestesia mal aplicada,
A vida mal vivida, a ferida mal curada, a dor já envelhecida
O câncer já espalhado e ainda escondido, ou até, quem sabe,
Um escorregão idiota, num dia de sol, a cabeça no meio-fio...
Oh morte, tu que és tão forte,
Que matas o gato, o rato e o homem.
Vista-se com a tua mais bela roupa quando vieres me buscar
Que meu corpo seja cremado e que minhas cinzas alimentem a erva
E que a erva alimente outro homem como eu
Porque eu continuarei neste homem,
Nos meus filhos, na palavra rude
Que eu disse para alguém que não gostava
E até no uísque que eu não terminei de beber aquela noite...
Vou te encontrar vestida de cetim,
Pois em qualquer lugar esperas só por mim
E no teu beijo provar o gosto estranho que eu quero e não desejo,mas tenho que encontrar
Vem, mas demore a chegar.
Eu te detesto e amo morte, morte, morte
Que talvez seja o segredo desta vida
Morte, morte, morte que talvez seja o segredo desta vida
sexta-feira, 5 de agosto de 2011
Paradigmas políticos: uma leitura a partir de Hannah Arendt
Clayton Soares Fonseca - UNIMONTES
O pensamento grego nas suas mais diversas formas de entender o homem tanto nas suas angustias, suas paixões, seus anseios e na busca de atingir um grau elevado de perfeição, lançou sem sombra de dúvidas influências decisivas na modernidade e que soam sem cessar até os nossos dias atuais. No campo político não é diferente, a instauração da democracia iniciada na Grécia, embora como se sabe, apesar de divergir da atual, visto que somente dez por cento da população tinha direito de voto, alguns cidadãos não tinha tempo suficiente para tratar de assuntos públicos pois estavam muito ocupados e preocupados para sobreviver, outros eram escravos, mulheres e estrangeiros. Apesar disso ainda se matém “vivas” as influências gregas de uma maneira ou de outra, uma delas se faz no conceito de vida contemplativa.
No tocante a vida contemplativa, Hannah Arendt parte da era clássica grega e resgata o sentido original de contemplação, quando a atividade do pensamento tinha primazia sobre todas as outras atividades. A contemplação que está na origem da atividade do filosofar, é para os antigos filósofos a maneira mais confiável de compreender a verdade. Esta não pode ser encontrada no mundo sensível, pois tudo o que se apresenta no mundo das aparências é mutável, transitório, repetitivo e os sentidos ao perceberem estas aparências se enganam com freqüência. O melhor que se pode afirmar da percepção sensível é que ela põe o mundo, forma intuitiva, para a reflexão filosófica. Para alcançar a verdade por trás das aparências enganosas e não correr o risco de se dar por satisfeito apenas com opiniões (doxa) e ficar preso ao senso-comum, cabe ao filósofo empreender uma ruptura com o conhecimento convencional e procurar a verdade no âmbito que lhe é mais seguro, o pensamento e as idéias.
Com base neste ponto Arendt Afirma que: “a tradição de nosso pensamento político teve seu inicio definido nos ensinamentos de Platão e Aristóteles”. (ARENDT, p.13.2005). Começou realmente quando Platão formulou um dos traços que seriam a sua grande marca, cito nada menos do que a alegoria da caverna, em A república. Ali Platão descreve a esfera dos assuntos humanos, tudo aquilo que pertence ao convívio de homens em um mundo comum, em termos de trevas, confusão e ilusão, e como se sabe aqueles que aspirassem ao ser verdadeiro deveriam repudiar e abandonar, caso quisessem descobrir o céu límpido das idéias eternas.
A estória da caverna segundo a pensadora desdobra-se em três etapas: primeiro constitui a reviravolta que tem lugar na própria caverna, quando um dos habitantes subitamente consegue libertar dos grilhões que acorrentam suas “pernas e pescoços” para que eles apenas possa ver diante de si, colado seus olhos à tela sobre a qual as sombras e imagens das coisas aparecem; agora, ele se volta para o fundo da caverna, onde um fogo artificial ilumina as coisas na caverna, tais como realmente são.
A segunda é reviravolta da caverna para o céu límpido, onde as idéias aparecem como verdadeiras e eternas essências das coisas na caverna iluminadas pelo sol, a idéia das idéias que possibilita o homem ver as idéias brilhar.
Finalmente, a terceira reviravolta, há necessidade de volver à caverna, de deixar o reino das essências eternas e novamente se mover nos reinos das coisas perecíveis e homens mortais, cada uma dessas reviravoltas é realizada por uma perda de sentidos e orientação: os olhos acostumados às sombrias aparências do anteparo são ofuscados pelo fogo na caverna; os olhos já ajustados à luz que ilumina às idéias; finalmente, os olhos já ajustados à luz do sol devem reajustar-se a obscuridade da caverna.
Para melhor compreensão da última citação e a questão que envolve a Alegoria da Caverna recorremos a Moraes (2002), o mesmo afirma que Platão ao descrever o percurso do prisioneiro que se liberta das cadeias que o prendem ao mundo das sombras, no interior da caverna, pretende delinear o caminho do pensamento em busca da verdade. Primeiramente há um movimento ascendente do pensamento que eleva gradativamente das sombras dos objetos, passando para o fogo que os ilumina e em seguida para a luz do dia. Superando o mundo sensível, o interior da caverna no qual só a opinião sobre coisas, resta ascender no mundo inteligível.
Primeiro acontece à apreensão das realidades matemáticas, que são como sombras das idéias, em seguida alcança-se a realidade da idéias, que constituem a verdadeira realidade essencial e substancial, para enfim contemplar o sol das idéias, seu princípio que é a idéia do bem. Feito todo o caminho ascendente e de posse da verdade, resta agora o filosófo fazer o caminho inverso, retornar para junto dos outros que deixou no interior da caverna, no mundo dos homens, ditar leis com base na conceituação do bem e governá-los.
Apesar dos filósofos clássicos priorizarem o modo de vida contemplativo, Arendt deixa claro que a contemplação é oposta à ação política. Não descarta inclusive a possibilidade de que Platão e Aristóteles quando se puseram a tratar deste tema estivessem fazendo um parêntesis na sua atividade principal, que era o pensar para responder a questões surgidas na época. Analisando historicamente a Grécia passava por um período de crise e Platão e Aristóteles aparecia nesse cenário como uma representação ressurgindo das ruínas da guerra do peloponeso[1]. Respondendo a um problema real, a reeducação de um povo que havia perdido seus valores morais e políticos em decorrência dos reveses da Guerra. Com isso Arendt citando Pascal menciona:
Só conseguimos imaginar Platão e Aristóteles vestindo as grandes túnicas de acadêmicos. Eles eram pessoas de bem, como as outras, riam com seus amigos; e quando quiseram se divertir escreveram as Leis e a Política. Se escreveram sobre a política foi como que para pôr ordem em um hospício; e se deram a impressão de estar falando uma grande coisa, é porque sabiam que os loucos a que falavam pensavam ser reis e imperadores. Adotaram seus princípios para tornar a loucura deles o mais inofensiva possível. (ARENDT, P.116.2002).
Entretanto, apesar da primazia da vida contemplativa sobre as atividades da vida ativa durar por um longo período de tempo. Sofreu um “grande golpe” que constitui uma completa inversão desde quadro o pensamento passou a ser exercido como instrumento de ação e fabricação.
O grande nome em destaque que completou essa total inversão compreendido por Arendt visto os fatores históricos, sociais e filosóficos foi Karl Marx. Com base a esta inversão de posições o estudioso de Arendt, Duarte (2000) diz:
Arendt reconhecia em Marx o maior teórico da modernidade, não apenas porque ele percebera o movimento de completa reversão do paradigma instaurado na Grécia antiga, segundo o qual a atividade de política e o exercício da liberdade ocupavam o ápice da hierarquia das atividades humanas, enquanto trabalho e a sujeição humana às necessidades da vida ocupavam o seu estágio mais baixo, mas, também, porque ele antecipara em sua reflexão muitos outros traços característicos do nosso presente. (DUARTE,p.81,2000.)
Marx em sua tese onze sobre Feubarch que constitui uma das reflexões importantes suas sobre o fim da Filosofia alemã clássica ele que diz: “Os filósofos têm apenas interpretado o mundo de maneiras diferentes; a questão, porém, é transformá-lo”. Esse enunciando se torna o ápice da inversão do antigo modelo clássico de pensar.
Sendo assim se na Grécia e na Roma antigas o trabalho era uma atividade da qual era preciso estar liberto para se poder participar da liberdade política, quer dizer, da participação ativa na definição dos rumos da cidade. Atualmente podemos afirmar que o trabalho é a ocupação essencial dos homens, que dedicam o seu tempo livre ao desfrute da liberdade privada na apropriação e consumo dos bens produzidos.
Concluímos as reflexões sobre Hannah Arendt e sua releitura da política apartir da antiguidade e seu fim na modernidade; quando ela afirma que Marx a definir que com tempo a política e o estado desapareciam e os homens cuidariam apenas da administração privada. Ele voltou todos os assuntos humanos à mera necessidade de sobrevivência, infelizmente o seu pensamento que almejava instaurar o reino da liberdade acabou não se concluído, o que restou foi homens presos ao trabalho como única forma de sobreviver a uma era demarcada pela revolução industrial, a liberdade se reduziu a meros hobbies[2].[1] Guerra entre Atenas e Esparta ocorrida em
[2] Max predisse corretamente, embora com indevido júbilo, a ‘decadência’ da esfera pública nas condições de livre desenvolvimento das forças produtivas da sociedade; e estava igualmente certo, isto é, coerente com sua noção do homem como animal laborans, quando previu que, ‘socializados’ e libertos dos trabalho, os homens gozariam essa liberdade em atividades estritamente privadas e essencialmente desprovidas de mundo worldless que hoje chamamos de “hobbies”.(DUARTE, p.82,2000.)
Referências:
ARENDT, Hannah. A vida do espírito. O penar, o querer, o julgar. 4º ed. Rio de Janeiro: Editora Relume-Dumará, 2002.
_________________. Entre o Passado e o Futuro. 5º ed. São Paulo: Editora Perspectiva, trad: Mauro W. Barbosa, Coleção Debates 2005.
terça-feira, 26 de julho de 2011
Amy Winehouse
Não sabemos o que pode uma voz....
Com quais afetos ela se implica... com quais mundos ela se compõe...
Solta... Livre.... ela vai seguindo sua trilha...
Desconexa trilha...
Caminho sem acostamento e retorno... tênue linha entre o seguir ou o se jogar
Não há meio termo.... Não há paráfrase
Entre um gole e outro
Entre um sexo e outro.... criação
Entre Ela e si-mesmo.... abissal geometria da des-razão
O que pode uma voz contra a tirania da moral?
Contra a tolice.... Contra os maneirismos da convenção....
E deparamo-nos com um déjà-vu...
Uma repetição de morte sobre morte.... (Joplin, Morrisson, Cobain, Eller, Ella, Maysa, Elis, Hendrix, Amy... e outros... outros... outros...) Talvez nós, um dia?
De uma literatura escrita pela via trágica da insuficiência... da ausência
A voz foi insuficiente... o texto foi insuficiente... o som foi insuficiente...
Sensível diluição da vida... que escorria lentamente pelo tempo molecular dos segundos...
Não há mais possível...
Só esgotamento. Cansaço.
E assim... num gole e outro... num pico e outro...
Numa lágrima que escorre silenciosamente por uma face marcada pela impaciência...
Um último ar passa pelos pulmões... Um último líquido arrefece a dor...
Por um caminho que jamais retornará...
Amy, uma vida...